Sanita: Grupo Klabin (KLBN11)

Essa semana falo sobre o Grupo Klabin, código KLBN11, maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil e líder na produção de embalagens de papel. A empresa faz parte do índice Índice Bovespa, IBOV, Índice Brasil Amplo, IBRA, e Índice de Materiais Básicos, IMAT, entre outros na B3.
Vamos conhecer primeiro a história da Klabin.
1889 – 1930: Origens do Empreendimento da Klabin
Fonte: Klabin
A história do Grupo Klabin começou em 1889, quando Maurício Freeman Klabin chegou ao Brasil. Imigrante da Lituânia, o jovem empreendedor deixou a família em sua terra natal e aportou em Santos (SP). Estabeleceu-se na capital paulista, que já despontava como importante centro comercial e financeiro do país. Maurício Klabin vendia cigarros para empórios e albergues, importando papel e tabaco para sua fabricação. Conseguiu trabalho em uma gráfica, que depois foi comprada por ele: Empreza Graphica Klabin.
Em 1890, Maurício F. Klabin criou sua própria empresa, a M.F. Klabin e Irmão, que atuava como tipografia e casa importadora de artigos de escritório, em São Paulo. Em 1899, com os irmãos Salomão e Hessel e o primo Miguel Lafer fundou a Klabin Irmãos e Cia, KIC.
1889: Maurício Freeman Klabin chega ao Brasil. Compra de gráfica – Empreza Graphica Klabin.
1890: Criação da M.F. Klabin e Irmão. Tipografia e importadora de artigos de escritório – São Paulo.
1899: Constituição da Klabin Irmão e Cia – KIC: tipografia e casa importadora de artigos de escritório, em São Paulo.
1902: Produção de papel, arrendando a Fábrica de Papel Paulista de Vila do Salto de Itu.
1909-1914: Constituição da Companhia Fabricadora de Papel, CFP.
1924: CFP destacava-se entre as três maiores fábricas do setor no Brasil.
1930 – 1940: O Grande Boom
O governo de Getúlio Vargas, de 1932 a 1945, foi marcado por uma política econômica voltada para o auxílio no desenvolvimento das indústrias de base para atender à demanda de mercado.
O setor de papel e papelão liderou o crescimento generalizado da indústria de transformação. Os problemas provocados pela dificuldade de importação de papel jornal e de pastas de papel, dentre outros, são amenizados com incentivos fiscais para a implantação de indústrias papeleiras.
Neste período, a Klabin Irmãos &Cia., KIC, viveu seu primeiro grande “boom” de desenvolvimento. O Grupo transformou-se em um dos mais importantes do país, entrando num processo de rápida expansão e diversificação de suas atividades.
1931: Início da produção de cerâmica – Manufatura Nacional de Porcelanas S.A.
1934: Compra da Fazenda Monte Alegre no Paraná, para instalação da Indústria Klabin do Paraná, primeira fábrica integrada de produção de papel.
1941: Constituição da primeira empresa S.A. do Grupo – Indústria Klabin de Papel e Celulose.
1946: Início da operação de pasta e papel imprensa da IKPC S.A. Alta profissionalização: ampla contratação de profissionais europeus qualificados.
1947: Um grande marco para a história na produção de papel no Brasil: parte do mercado interno de papel imprensa passa a ser suprida por uma indústria nacional com papel Klabin.
1950 – 1960: Klabin abrindo novos mercados
O Plano de Metas do governo de Juscelino Kubistchek, entre 1955 e 1960, estava voltado para o crescimento do setor público, com a construção de estradas, do Distrito Federal em Brasília, dentre outras prioridades, e na continuidade da instalação de indústrias de base.
O processo de urbanização e o ritmo do crescimento populacional traziam profundas modificações no mercado de consumo. Novos produtos e novas exigências afetavam vários setores produtivos, estimulando o aparecimento de novas atividades. A Klabin já se destacava entre os principais grupos empresariais do país, e se lança para a fabricação de novos produtos no mercado: o papelão ondulado, fios sintéticos e de fósforos promocionais.
1951: Constituída a Rilsan Brasileira S.A. como empresa coligada de KIC em sociedade com a Nitroquímica Brasileira e S.A. Indústria Votorantim, do Grupo Ermírio de Moraes, para a produção de fios sintéticos.
1952: Início da produção de Papelão Ondulado na Companhia Fabricadora de Papel.
1953: Início da produção de fósforos promocionais.
1955: Com o sucesso do setor de Papelão Ondulado, é criada a Unidade de Del Castilho, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).
1960 – 1970: Em Crescimento Acelerado
O setor papeleiro previu incentivos para a instalação de fábricas produtoras de papel jornal, pois foi detectado no início da década de 1960 que o setor papeleiro tinha como ponto crítico a baixa produção de papel imprensa, suprindo apenas um terço do mercado nacional.
Dentro deste contexto político e de incentivos, a Klabin concentrou seus investimentos no aprimoramento dos setores-chave de produção, através da implantação de novas e modernas fábricas, centralizando suas atividades nos setores de papel, papelão ondulado e cerâmica.
1961-1969: Constituição da Papel e Celulose Catarinense Ltda – PCC, moderna fábrica de papel kraft e celulose de fibra longa.
1961: Constituição da Unidade de Vila Anastácio. A Unidade de Vila Anastácio foi considerada umas das maiores da América Latina, na época.
1963: Inaugurada a Máquina de Papel nº 6.
1967: Aquisição da fábrica de Piracicaba, parte do projeto de fabricação de celulose do bagaço de cana.
1973: Inaugurada a Papelão Ondulado do Nordeste – PONSA, na cidade de Goiana. Início da produção de Sacos Industriais na Celucat, em Lages-SC.
1974: Entra para o mercado de papéis descartáveis com a aquisição da ONIBLA S.A.
1979: Inaugurada a Máquina de Papel nº 7.
1980 – 1990: Novos Rumos Administrativos
O país começava a mostrar o que seria a década de 1980: alto índice de inflação, grande dívida externa, fatores que aliados à recessão mundial, provocaram queda acentuada de preços no mercado. A Klabin manteve-se graças a uma política flexível de vendas, voltando-se ora para o mercado externo, ora para o mercado interno. Mantendo sempre a qualidade de sua produção, conseguiu exportar seus produtos, mesmo com o mercado internacional em crise e recessão, indicando um alto índice de competitividade. Apesar das dificuldades, a Klabin expandiu e diversificou sua produção nos setores de papel e celulose, com a entrada no mercado de sacos multifoliados e celulose solúvel.
1982: Aquisição da empresa Rio Grande – Companhia de Celulose do Sul – Riocell, localizada em Guaíba (RS).
1983: Criada a holding Indústrias Klabin de Papel e Celulose – IKPC, passando a controladora das empresas da Klabin.
1984: Início do Programa de Fitoterapia da Klabin – produtos florestais não-madeireiros.
1987: A Klabin se retira do ramo de cerâmica.
1990 – 2000: Retomando a Expansão
O início dos anos 1990 é caracterizado por uma economia instável, altamente inflacionária e com juros altos, o que faz com que as empresas adotem novas medidas para manter suas vendas estáveis, voltem as vendas ou para o exterior ou para o mercado nacional, conforme a demanda. A economia brasileira voltou a registrar crescimento em 1993, após três anos de estagnação. Apesar desta recuperação, que teve início no último trimestre de 1992 com a definição da sucessão presidencial, houve dificuldades para o setor de papel e celulose, devido ao excesso de oferta no mercado, acirrando a concorrência entre os produtores e afetando, sensivelmente, os preços.
Em 1994, nasce o Plano Real com a criação de uma nova unidade monetária. O objetivo é a estabilização da moeda e acabar com a hiperinflação, ampliar o poder de compra e trazendo novas perspectivas para os diversos setores da economia.
1990: Compra da Companhia de Papéis pela Klabin Fabricadora de Papel e Celulose SA – KFPC. A Klabin passa a ser o maior produtor de papéis sanitários do Brasil.
1996: A Klabin amplia seus negócios na América Latina, na área de produção de papel kraft, envelopes e sacos, com a instalação de uma unidade fabril da Celucat, no distrito industrial de Pillar, na Argentina.
1997: Joint Venture Klabin e Kimberly-Clark, na Argentina. A nova empresa foi denominada KCK Tissue S.A. (passando depois a Klabin Kimberly S.A., em 1999).
1998: A Klabin expande a fábrica de Piracicaba, com a instalação de uma nova máquina de papel, com a capacidade de produção de 100 mil toneladas/ano de papel miolo e testliner com utilização de aparas como matéria-prima.
1999: A Unidade Piracicaba inaugura a máquina de reciclagem de embalagem Tetra Park.
2000: Indústrias Klabin de Papel e Celulose S.A. realizou aquisição da Igaras Papéis e Embalagens S.A., através de sua subsidiária Klabin Argentina.
Hoje: Um Novo Milênio. Novos Desafios
A economia entra no novo milênio com prosperidade e estabilização financeira. Os grandes investimentos se voltam novamente ao setor público, em especial para a infraestrutura. No Brasil, seguindo as tendências das políticas econômicas mundiais, é lançado o Plano de Aceleramento da Economia, PAC, com investimentos para o crescimento econômico em vários setores, estimulando o aumento do Produto Interno Bruto, PIB. Ao final da década de 2000, começo da de 2010, a economia mundial é abalada, iniciada pela crise dos créditos hipotecários americanos, em 2007 e 2008. Ainda no Brasil, a partir de 2010, já sofrendo com a crise dos derivativos, temos ainda o quadro de instabilidade político-econômica, com as medidas impopulares quanto ao ajuste fiscal. As denúncias de corrupção no governo e em setores das indústrias levam a economia à estagnação, com empresas de grande porte acusadas de superfaturamento, formação de cartel e pagamento de propina a políticos.
2001: É criada a Klabin S.A.
2003: A Klabin S.A informa sua retirada da produção e do mercado de papel jornal, papéis descartáveis e celulose. Foco em embalagens.
2008: Inaugurado o Projeto de Expansão MA – 1100, na Unidade Monte Alegre (PR). A Unidade se posiciona entre as dez maiores fábricas de papel do mundo e a Klabin entre as seis maiores fabricantes globais de cartões de fibras virgens.
2011: Instalação de nova caldeira de biomassa, na Unidade Otacílio Costa (SC), para redução nas emissões de gases de efeito estufa e do consumo de óleo combustível.
2012: Anunciado investimento de R$220 milhões em uma nova máquina de Sackraft, na Unidade Correia Pinto (SC), com capacidade de 80 mil toneladas/ano.
2013: Ampliada a capacidade de produção de Sacos Industriais, com a instalação de uma nova máquina, e de Papelão Ondulado, com novas onduladeiras e impressoras, na Unidade Goiana (PE).
2016: Inauguração da Unidade Puma, no Paraná, com capacidade de produção de 1,5 milhão de toneladas de celulose, que faz da Klabin a primeira no Brasil pronta para fornecer, simultaneamente, celulose de fibra curta, celulose de fibra longa e celulose fluff. A Klabin compra a Embalplan, localizada em Rio Negro (PR), e os ativos da Hevi Embalagens, localizada em Manaus (AM).
2017: A Klabin inaugura seu Centro de Tecnologia, em Telêmaco Borba (PR). O novo Centro completa a integração das frentes de pesquisa e desenvolvimento das áreas de negócio da companhia, estratégia adotada para introduzir uma visão global e unificada, de alta complexidade.
2019: Inauguração do Centro de Interpretação da Natureza, localizado em Santa Catarina, no complexo da Serra da Farofa. A instalação está localizada em uma área prioritária de conservação a 1.700 metros de altura, equipada com alojamentos para receber até 40 visitantes.
2019: Anúncio do Projeto Puma II, que compreende a construção de duas máquinas de papel para embalagens (kraftliner), com produção de celulose integrada, em Ortigueira (PR).
2019: Klabin vence o leilão da concessão de um terminal de celulose no Porto de Paranaguá-PR. A companhia garantiu acesso a uma área de 27.530 m² pelo prazo de 25 anos, passível de prorrogação por mais 45 anos.
2019: Lançamento da Klabin ForYou, primeiro e-commerce da companhia voltado para o consumidor final. O canal foi lançado como a única plataforma digital do Brasil a oferecer embalagens feitas de matéria-prima de fontes renováveis, customizáveis e em pequenos lotes para pequenos e médios empreendedores.
2019: A Klabin adquiriu uma planta industrial na cidade de Horizonte, no Ceará, ampliando sua produção de embalagens de papelão ondulado na região Nordeste do País. A unidade industrial, localizada a 35 km de Fortaleza e a 90 km do porto de Pecém, tem área de mais de 1 milhão de metros quadrados e possui mais de 30 mil m² de área construída.
2019: Início da operação do Parque de Plantas Piloto, em Telêmaco Borba (PR), onde serão realizados estudos e testes com celulose microfibrilada (MFC) e lignina. O Parque permite simular uma unidade fabril.
2020: Inauguração da primeira Escola Técnica de Operação Florestal do Brasil, em uma área total de 37 mil m² localizada em Ortigueira (PR). O investimento de R$35 milhões tem capacidade para 800 alunos e foi fruto de uma parceria entre Klabin, Governo do Estado do Paraná e Prefeitura Municipal de Ortigueira.
2020: Aquisição dos negócios de embalagens de papelão ondulado e papéis para embalagens – Unidades de Manaus (AM), Rio Verde (GO), Suzano (SP), Paulínia (SP) e Franco da Rocha (SP) – da International Paper no Brasil. Com a transação, nos aproximamos ainda mais dos clientes em todo território nacional, apoiando nossa meta de crescer e diversificar com um portfólio de produtos e formatos ainda maiores, mais flexíveis e adaptáveis.
2021: A Klabin passa a fazer parte do Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI), como a única empresa industrial brasileira selecionada para compor a carteira “World” do índice, além da “Emerging Markets”, que referenciam as empresas líderes mundiais em desempenho econômico, práticas de governança e atuação socioambiental.
Mas, em relação à movimentação dos preços, o que me chama a atenção na Klabin?
A Klabin, código KLBN11, vem numa forte tendência de alta nos últimos meses e, mesmo com o crash de março de 2020 que tivemos no mercado, o ativo se valorizou fortemente, subindo das mínimas de março, R$11,74, até a nova máxima histórica em janeiro de 2021, R$30,16, mais de 166%.
O ativo vem numa tendência forte e saudável desde o primeiro pivot de alta ativado em abril de 2020 e sempre respeitando as médias MMe9/MM21 no semanal:
Depois da máxima histórica estabelecida em janeiro de 2021, o ativo da Klabin fez uma leve correção até as médias mais rápidas, MMe9/MM21, e esse semanal está rompendo um pequeno canal de baixa que foi estabelecido, com fortíssimo volume:
O volume bem acima das média essa semana está ocorrendo por conta da venda de parte das ações que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES, possuía:
Quanto aos indicadores, o OBV segue mesmo movimento, corroborando com a movimentação dos preços:
O TRIX também mostra tendência forte com momentum, inclusive com espaço para buscar a máxima de 2015:
Caso, nas próximas semanas, o ativo da Klabin venha o romper nova máxima histórica, temos um novo pivot que será ativado, com potencial alvo nos R$35,06.
Seria um potencial de alta de 20% dos preços atuais e pouco mais de 16% a partir da ativação do pivot.
Do lado do risco, considerando o último fundo nos R$27,52, seria um stop de um pouco mais de 5% dos níveis atuais de preços e de quase 9% a partir da ativação do pivot.
Fazendo as contas, temos dois cenários:
- A partir da possível ativação do pivot, caso venha a atingir o alvo desse padrão, teríamos o risco de 1 para o potencial retorno de 1,77, o que seria razoável;
- A partir dos preços atuais, caso venha a atingir o alvo do pivot, teríamos o risco de 1 para o potencial retorno de 4, o que seria bem atrativo;
Do lado macro da economia, vemos o dólar forte beneficiando as exportadoras e um cenário onde a pandemia fez com que o comércio eletrônico e principalmente delivery de alimentos aumentasse substancialmente, demandando cada vez mais embalagens e beneficiando diretamente a Klabin e outras empresas do setor.
Vejo esse cenário se mantendo pelos próximos meses, o que corrobora com a movimentação altista dos preços que estamos vendo nos gráficos.
O que aumenta os possíveis riscos para a empresa nesse momento?
- O mercado está antecipando um possível aumento na taxa de básica de juros, a taxa Selic, de 0,25% a 0,50% já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária, Copom, o que pode fazer o USDBRL ceder razoavelmente bem, dado que estamos bem atrás se compararmos o BRL contra outras moedas emergentes;
- Correção nas bolsas americanas e emergentes – que tem feito novas máximas históricas – poderia afetar negativamente nossa bolsa e consequentemente o preço das ações;
Como sempre enfatizo, é muito importante, além da análise da movimentação dos preços via AT, considerar o cenário macro e micro atual, perspectivas de curto prazo para o setor e decisões políticas que afetam diretamente a economia, e no Brasil costumam fazer bastante preço, para avaliarmos se faz sentido investir nessa empresa.
Levando tudo em consideração, acredito que a Klabin tem um bom cenário para continuar a fazer novas máximas históricas.
Arte: Vinícius Martins / TC Mover
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