Vieira: Risco fiscal é assunto que não se fala na eleição do Senado

Brasília, 13 de janeiro – O senador Rodrigo Pacheco defendeu o pagamento do auxílio emergencial de R$600 até o término da pandemia e, depois dela, a criação de um programa social para substituir o benefício, conforme apuração da TC Mover em entrevistas do congressista em junho de 2020. Confirmado apoio do PP, Pacheco fica a apenas dois votos dos 41 necessários para ser o sucessor de Davi Alcolumbre, que o apoia, na presidência do Senado.
O alinhamento de Pacheco com a pauta econômica liberal deve se manter nos padrões da gestão de Alcolumbre, que encaminhou projetos como a autonomia do Banco Central, assim como na defesa da manutenção do Teto de Gastos, na visão de observadores da cena ouvidos pela TC Mover. O problema é que, no atual contexto, não basta a regra estar formalmente preservada se a sustentabilidade da dívida estiver ameaçada por mais excepcionalidades justificadas pela pandemia.
Neste momento, o investidor se preocupa com o crescimento do clima no Congresso de que a crise do coronavírus não acabou e, por isso, seria necessário garantir um benefício social até uma ampla imunização nacional ser possível, adiando a restauração da responsabilidade fiscal para a pós-vacinação. Há boas chances do auxílio ser reintroduzido se a pandemia se agravar, segundo a consultoria Eurasia Group.
Até agora, os temas econômicos não ganharam destaque como na Câmara e as negociações se concentram na promessa de espaços, como a de Pacheco ao PT, de que cederá as comissões de Direitos Humanos e Meio Ambiente em troca de apoio – desta vez sem os petistas exigirem compromissos ligados ao coronavoucher, como para apoiar Baleia Rossi na Câmara.
O MDB anunciou o nome da presidente da Comissão de Constituição de Justiça, Simone Tebet, para a eleição. A senadora considera o aumento da miséria e da desigualdade social como o maior legado da pandemia e, se receber o apoio do Podemos e do PSDB, que lhe daria 30 votos, pode fazer barulho em torno da independência do Senado e de pautas da Lava Jato, como a prisão após condenação em segunda instância, porém com poucas possibilidades de sucesso.
Quem ganha ignorando o iminente risco fiscal? As gambiarras e jabutis. Desnecessário. As perguntas centrais do investidor são simples: o próximo presidente do Senado atuará para manter o Teto como aprovado em 2016 ou aceitará flexibilizá-lo? Uma política aos moldes do auxílio emergencial será apoiada ou não antes da conclusão do plano de vacinação? Como novo franco favorito, a palavra está, principalmente, com o senador Rodrigo Pacheco.
Arte: Vinícius Martins
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