BTG Pactual vê ciclo negativo para proteínas no curto prazo com inflação do gado

São Paulo, 5 de abril – A alta persistente nos preços do gado continua pressionando a margem das produtoras de proteínas no curto prazo e deve sustentar um ciclo negativo no setor, diz o BTG Pactual em relatório.
Spread está nos níveis mais baixos da história, segundo relatório
Analisando dados da balança comercial brasileira de março, os analistas do BTG Pactual Thiago Duarte e Henrique Brustolin destacam a manutenção do spread, diferença entre o preço da carne exportada e o arroba do boi gordo, nos níveis mais baixos da história no primeiro trimestre, com queda de 39% na comparação anual.
Na comparação trimestre a trimestre, houve uma leve alta de 1% no spread. Entretanto, o indicador segue 35% abaixo da média histórica, indicando que “o pior ainda não acabou” de acordo com o relatório do BTG Pactual.
Alta das carnes no exterior não compensou preço do gado, diz BTG Pactual
O BTG Pactual destaca que a nem mesmo a alta trimestral de 4% no preço das carnes no mercado internacional, em dólares, foi suficiente para compensar o preço do gado, que segue pressionado pela inflação de insumos, como os grãos.
“Ajustes de oferta e demanda após a produção recorde do ano passado serão cruciais para melhorar os preços (da carne) e trazer os spreads de volta a patamares sustentáveis”, diz o banco de investimentos.
Analistas aconselham seletividade para mercado de proteínas
Os analistas defenderam seletividade no mercado de proteínas, priorizando a geração de valor em detrimento de um racional baseado em eventos de momento. A JBS segue como a favorita do setor na visão do BTG Pactual, com a resiliência da operação nos Estados Unidos, forte geração de caixa e governança.
O banco vê a Minerva com boa perspectiva após a volta do pagamento de dividendos, mas destaca que a companhia deve ser prejudicada pelo momento do setor de proteínas. Para BRF e Marfrig, a visão do BTG segue neutra.
Desempenho das ações do setor de proteínas
Perto das 14h15, o papel da JBS (JBSS3) caía 0,89%, cotado a R$30,18. As ações da Minerva (BEEF3) e da Marfrig (MRFG3) recuavam, respectivamente, 0,29%, a R$10,17, e 2,24%, a R$17,47. Já o ativo da BRF (BRFS3) subia 1,02%, a R$24,80. No mesmo horário, o Ibovespa operava em alta de 1,40%, aos 116,8 mil pontos.
Para acompanhar o desempenho das ações das companhias do setor de proteínas e de outras empresas, basta acessar o TC Matrix, ferramenta gratuita do TC.
Texto: Gustavo Boldrini
Edição: Maria Luiza Dourado e João Pedro Malar
Arte: TC Mover
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