Deserção e recessão apontam trimestre misto no setor de educação

São Paulo, 2 de fevereiro – Apesar de não ser rotineiramente um período sazonalmente importante para o setor de educação, o quarto trimestre deve mostrar tendências mistas, com o peso da crise causada pela pandemia do coronavírus impactando o ensino presencial, a retenção de alunos e o provisionamento por uma maior inadimplência.
Pandemia aprofunda divergências na educação
Além do efeito da crise causada pela pandemia no desemprego e a renda, a mudança demográfica “certamente não conduz ao crescimento da indústria”, disse Samuel Alves, analista do BTG Pactual. Nesse sentido, as empresas do setor de educação devem reforçar a mensagem de contenção de despesas, aumento de provisões e monitoramento de custos financeiros para o primeiro semestre deste ano.
A situação deve aprofundar a divergência no setor de educação entre companhias muito dependentes do ensino presencial e do cenário macroeconômico e as que estão posicionadas em nichos menos permeáveis à queda na renda e no emprego, ou com capacidade de proteger suas margens, disseram analistas.
Um segmento da área de educação que deve despontar de forma positiva é o ensino à distância, que na atual conjuntura pode gerar taxas moderadamente altas de crescimento na base com riscos de execução controlados.
Cogna e Ânima Educação devem apresentar prejuízo líquido no quarto trimestre
Dessa forma, Cogna Educação, código COGN3, e Ânima Educação, código ANIM3, devem registrar prejuízo líquido ajustado no período outubro-dezembro, porém com diferentes conotações.
Enquanto a Cogna Educação deve ter prejuízo de R$135 milhões pela fraca dinâmica da Kroton, queda na base das escolas Sabre e o menor fluxo de recursos vindo do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior, o Fies, a Ânima pode perder R$2 milhões enquanto executa a integração de recentes aquisições e mantém altas provisões. O lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização, conhecido como EBITDA, ajustado da Cogna deve despencar mais de 50%, enquanto o da Ânima deve subir 5%.
Queda nas matrículas, provisões e desistências afetam YDUQS
Segundo o consenso TC, a YDUQS, código YDUQ3, deve apresentar prejuízo de R$46 milhões e a Ser Educacional, código SEER3, deve ficar no zero a zero. No caso da primeira, a consolidação da Adtalem e o amadurecimento dos cursos de medicina devem ajudar a receita e o EBITDA, sendo mitigadas pela pressão de queda nas matrículas, as provisões e as desistências.
No caso da Ser Educacional, o resultado deve refletir a dinâmica no segmento de educação presencial, que levou a uma redução de 9% dos alunos na base anual, disse Alves. As empresas devem divulgar seus resultados entre a segunda e quarta semanas de março.
Desempenho das educacionais

Por volta das 16h00, o papel ordinário da Cogna, código COGN3, subia 3,08%, cotado a R$4,68. A ação ordinária da Ânima Educação, código ANIM3, avançava 0,66%, a R$33,35. As ações da YDUQS, código YDUQ3, e da Ser Educacional, código SEER3, subiam 3,05%, a R$34,85, e 3,09%, a R$15,35, respectivamente. O Ibovespa registrava alta de 0,41%, com 117,9 mil pontos.
Para acompanhar o desempenho das ações das educacionais e de outras empresas, basta acessar o TC Matrix, ferramenta gratuita do TC.
Texto: Igor Sodré
Edição: Guillermo Parra-Bernal e João Pedro Malar
Arte: Vinícius Martins/TC

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