Após ata do Copom, mercado antecipa início de ciclo de alta da Selic para março

São Paulo, 26 de janeiro – A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, Copom, do Banco Central, mais dura do que o esperado, fez boa parte do mercado antecipar o início do ciclo de altas da taxa básica de juros, a taxa Selic, já para o encontro de 17 de março.
Para Itaú Unibanco, documento mostra comprometimento com alta da taxa Selic em março
O Itaú Unibanco diz que a ata divulgada hoje de manhã sinaliza que o Copom “praticamente se comprometeu com uma elevação em março”, já que aponta que alguns membros queriam um ajuste já na reunião da última quarta-feira.
Com isso, a equipe do economista-chefe Mário Mesquita espera um aumento de 0,25 ponto percentual na Selic em março, seguido por dois movimentos de 0,50 ponto e uma alta final de 0,25 ponto percentual, que levaria a taxa dos atuais 2,00% para 3,50% ao ano. Conforme indicado na ata, o ritmo de elevação dependerá da evolução da atividade econômica, da inflação e da política fiscal, destaca o banco.
Linguagem da ata do Copom influencia análises de bancos
O Banco Fator também acredita que a taxa Selic começará a subir já na próxima reunião do Copom, antecipando um aumento de 0,50 ponto percentual. Para o Goldman Sachs, a elevação da taxa básica de juros em março é uma “possibilidade crescente” devido à linguagem da ata do Copom, que foi mais severa do que o comunicado da reunião.
Ivo Chermont, economista-chefe da Quantitas Asset, que antes já havia antecipado do quarto para o terceiro trimestre o ajuste na taxa após o comunicado do Copom, agora, com a ata, acredita que a alta acontecerá mais cedo, sem se comprometer ainda com datas.
Situação fiscal do governo deve piorar com novo auxílio emergencial, diz economista
Para Chermont, o Banco Central se colocou em uma situação muito dependente de dados para tomar a decisão, e não se vislumbra uma melhora que possa mudar a trajetória indicada de alta da taxa Selic. Até março, diz, o fiscal deve piorar, já que o governo deve lançar um “auxílio emergencial 2”, a economia não deve derrapar e a inflação deve continuar pressionando.
Segundo a Quantitas, os núcleos não indicam melhora. Chermont vê a taxa Selic fechando 2021 em 4,00%, ou seja, espera quatro altas de 0,50 ponto na Selic ao longo do ano, de modo a que o juro real deixe o patamar negativo de 1,50% e suba para perto de zero, “que continua sendo estimulativo”, afirma. Na Genial Investimentos, a projeção de alta da Selic em maio foi mantida, mas com viés de alta dependendo dos próximos dados.
Ata do Copom leva a aumento do juro para 2022
Por conta do tom da ata do Copom, o dólar futuro registra dia de queda firme e os juros futuros, DIs, médios e longos recuam enquanto o DI para 2022, o que mais ecoa a taxa Selic, sobe. Perto das 16h00, o dólar futuro perdia 2,25%, cotado a R$5,346, enquanto as taxas cediam entre 11 e 23 pontos-base. O juro para 2022 ganhava 4 pontos-base, para 3,420%.
Texto: Bárbara Leite
Edição: Guilherme Dogo e João Pedro Malar
Arte: TC Mover

As mais lidas da semana: Capital estrangeiro, Klabin (KLBN11), Bolsonaro
As mais lidas da semana: Saída de capital estrangeiro, coluna do Sanita sobre Klabin (KLBN11) e Bolsonaro sugerindo demissões se destacam

As mais lidas da semana: Reais, Petrobras (PETR4), general Silva e Luna
As mais lidas da semana: Recomendação para o real, mudança na Petrobras (PETR3 e PETR4) e perfil de Silva e Luna se destacam na TC Mover

Juro estraga festa das bolsas; no radar, pacote EUA, Payroll, inflação, Guedes, auxílio: Espresso
Bolsas fecharam hoje sem tendência única em semana de perdas, com preocupações com a alta da inflação e de juros nas economias desenvolvidas