Após disparada, mercado questiona se o BC não devia intervir para frear o dólar

— Para um gestor de patrimônio sediado em São Paulo, a cautela justifica a espera do BC – que há semanas tem mantido rolagem diária de apenas 4.800 contratos de swap cambial – para agir no momento preciso. Caso contrário, arrisca ver, novamente, “estoques de swap consumidos em instantes, sem efetividade”.
— Ninguém crava um momento exato para a atuação, mas Pedro Tuesta, economista chefe para América Latina da Continuum Economics, avalia que, se o dólar ultrapassar os R$4,20, pode ser a hora de o BC agir. Além disso, a alta da moeda deve gerar pressão sobre o BC no quarto trimestre, disse.
— Por outro lado, Vitor Suzaki, da Lerosa Investimentos, lembra que o BC tem intervindo em momentos de volatilidade exacerbada mas que, até agora, o estresse no câmbio tem motivos justificados – em especial, a incerteza política que se instalou no país e deve durar até a data da eleição, em outubro.
— Durante a crise de volatilidade de junho, na esteira da greve dos caminhoneiros, o presidente da autoridade monetária, Ilan Goldfajn, afirmou que o BC não teria “preconceito” em usar swaps, reservas cambiais ou leilões de linha para mitigar a volatilidade. E alertou: o BC não elevará os juros para conter a volatilidade do câmbio.
— A taxa básica de juros Selic atualmente se encontra na mínima histórica. O BC mantém que a política cambial não tem relação com a política monetária.
— A leitura de alguns analistas, baseados nos cenários analisados no Relatório Trimestral de Inflação do BC, é que o dólar pode começar a desancorar as expectativas inflacionárias a partir dos R$4,20. Dependendo dos rumos da corrida eleitoral e o do próprio resultado da eleição, o contribuidor TC e gestor da SF2 Investimentos Sérgio Machado não descarta um aumento da taxa Selic – necessário para evitar a dilapidação das reservas cambiais. A próxima reunião do Copom está marcada para 18 e 19 de setembro.
Créditos da imagem: Nelogica