Desastre da Vale em Brumadinho custa R$70 bilhões a acionistas

O reflexo financeiro da tragédia da mina da Vale em Brumadinho deve continuar assombrando o mercado brasileiro hoje, enquanto o número de vítimas e a indignação com a catástrofe cresce. Alguns analistas já catalogam o incidente como o pior da história moderna da mineração: são 65 mortos, até a noite de ontem, número acima dos 19 do episódio de três anos atrás envolvendo a Samarco, uma subsidiária da Vale e da rival BHP Billiton, em Mariana. Ontem, os papéis da companhia tiveram a maior queda da história ao despencar 24,5%, superando os 7,55% de novembro de 2015, pós-Samarco.
O valor de mercado da Vale caiu mais de R$70 bilhões com a queda. Os investidores estão precificando uma soma de prejuízos de eventos decorrentes da tragédia: mais investimentos em barragens, gastos extrajudiciais, multas e regulamentações mais rigorosas, por exemplo. No entanto, importa dizer, o número reflete pânico, e não parece ter fundamento na realidade, já que neste momento é impossível mensurar o prejuízo real.
O investidor deve se preparar para mais instabilidade até que o preço do papel se acomode novamente, diz o contribuidor TC Pedro Albuquerque: “Tudo agora vai depender das notícias que vão surgir, tem muita água pela frente”. Ainda há muitas questões em aberto: o que causou o acidente, qual o número exato de vítimas, quem será responsabilizado? Fique atento a todas essas questões. Mesmo assim, o ADR da Vale negociava em leve alta de 0,45% no pré-market de Nova Iorque, por volta das 08h00. Se a alta se sustentará, já é outro negócio.
Hoje, as bolsas da China e da Europa operavam em queda, contaminando os futuros dos índices americanos. O indiciamento da Huawei por parte da Justiça americana vem na mesma semana que os governos dos Estados Unidos e da China se reúnem para discutir saídas para a disputa comercial que se alastra por quase 11 meses. O caso Huawei é crítico, pois são exatamente as alegações de que a companhia de telecomunicações agiria como um espião do governo chinês que está travando uma solução para as diferenças comerciais e diplomáticas entre as duas maiores economias do mundo. No Reino Unido, o provável voto no Parlamento britânico sobre os ajustes ao acordo do Brexit pode trazer volatilidade extra. Aqui no Brasil, o destaque é o relatório de crédito bancário de dezembro do Banco Central.
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Mercado hoje, segundo Contribuidores TC
Os mercados globais voltaram a ativar o modo cautela nesta terça-feira com preocupações de que os novos desdobramentos do caso da gigante chinesa Huawei, possa atrasar mais um possível acordo comercial entre os Estados Unidos e a China. Ontem, o governo americano acusou a empresa de fraude bancária e de roubo de segredos comerciais.
Com isso, os ativos voltaram a precificar que uma possível trégua entre os dois países, incentivada pela ida do vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, aos EUA ainda esta semana, ficou para trás, ao menos momentaneamente. O preço do contrato do ouro voltou a subir e negocia no maior patamar dos últimos sete meses, enquanto as bolsas ao redor do mundo andavam de lado, incluindo o futuro dos índices americanos, que também reagem aos balanços desta temporada.
Hoje o dia será cheio: nos EUA, a primeira parte do encontro dos dirigentes do Federal Reserve, o banco central americano, que termina amanhã com um anúncio da nova taxa de juros e com um discurso do presidente da autarquia, Jerome Powell. Já na Europa, a terça-feira será marcada pela tentativa de votação do Brexit. O mercado também fica de olho nas novas sanções americanas contra o petróleo venezuelano, que ontem fizeram os preços da commodity acelerarem moderadamente.
Principais notícias corporativas
Vale: Fitch rebaixa a nota de crédito de Vale para BBB- e coloca o rating em perspectiva negativa, a exemplo da rival Standard & Poor´s.
Vale II: O BB Investimentos cortou a recomendação para a ação da Vale para market perform, equivalente a neutra, mantendo o preço-alvo de R$73,50 para o fim do ano.
Cielo: A Cielo apresentou um lucro líquido ajustado de R$724,1 milhões no quarto trimestre, queda de 30,6% na base anual. O EBITDA, indicador que calcula o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização chegou a R$1,091 bilhão no período, sendo 20,8% menor na mesma base de comparação
Tecnisa: VKN Administração atingiu participação de 5,03% nas ações ON da Tecnisa.
Cesp: A Cesp comunicou que aprovou um novo plano de demissão voluntária.
Petrobras: A Petrobras comunicou que o incêndio ocorrido no domingo em área de armazenamento de materiais, localizado em terminal em Vitória, no Espírito Santo, não teve impactos financeiros relevantes
Petrobras: Petrobras pode retomar venda de Braskem e avalia futuro da BR, diz presidente (Folha)
Apple: Ataque usa código oculto em imagem para redirecionar usuários de sistemas da Apple (G1)
Agenda do dia
Indicadores nacionais
08h00 Sondagem da indústria (janeiro) – FGV
10h30 Desembolsos de crédito mensal (dezembro)
10h30 Inadimplência crédito livre (dezembro)
10h30 Spread crédito total (dezembro)
15h00 Resultado Primário do Governo Central
Indicadores internacionais
13h00 EUA – Confiança do consumidor (janeiro); consenso 124,9
19h30 EUA – Estoques de petróleo API
21h50 Japão – Vendas no varejo anual (dezembro); consenso 2,20%
Resultados trimestrais
A.A. Pfizer; consenso US$0,64/s
A.A. 3M; consenso US$2,28/s
A.A. Apple Inc.; consenso US$4,18/s
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