Juros, câmbio devem refletir fim da orientação do Copom; no radar, BCE: Espresso

São Paulo, 10 de dezembro – O Banco Central surpreendeu no tom do comunicado da última decisão de juros do ano e alertou que, se o atual cenário de convergência entre a inflação observada e as metas persistir, em breve as condições para a manutenção dos juros baixos por um período prolongado podem não mais ser satisfeitas.
Interpretamos isso como um sinal da retirada da ferramenta conhecida entre os investidores como “forward guidance” e uma indicação do crescente temor da autarquia com os rumos da política fiscal e da inflação.
Na decisão de ontem, o Comitê de Política Monetária manteve de forma unânime a taxa básica Selic em 2,00% ao ano, em linha com o consenso, mas alertou que está monitorando a recente disparada na inflação.
Para gestores, traders e contribuidores do TC, o mercado de juros futuros e o câmbio devem reagir à mensagem, mas não como um sinal de alta na Selic, e sim como uma transição no gerenciamento da política monetária. Ou seja, o risco de cortes adicionais na taxa foi afastado – o que deve baixar a resistência do dólar e achatar um pouco a curva dos DIs.
Retirar orientação futura não implica necessariamente em elevar os juros
Essa análise, contudo, é válida em um cenário que ignora os riscos do exterior que não são desprezíveis. A retirada da orientação futura sugerida no comunicado “não implica mecanicamente uma elevação da taxa de juros, pois a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo extraordinariamente elevado frente às incertezas quanto à evolução da atividade”, disse o comitê conhecido como Copom.
O mercado vai demorar para digerir essa mensagem, disse um gestor sediado em São Paulo. “Haverá quem leia esse trecho do comunicado como alta nos juros, mas, para mim, essa não é a leitura correta”, disse. A declaração passou de dócil para severa, disse o trader Moisés Beida, contribuidor do TC.
Apesar da inflação prospectiva mais alta, as expectativas e as projeções de inflação no cenário básico “permanecem abaixo da meta de inflação para o horizonte relevante”, disse o Copom. O Comitê voltou a reforçar a necessidade de manutenção do ajuste fiscal – um recado para governo e para o Congresso, que se mostram indecisos quanto à vontade de passar reformas que garantam o equilíbrio fiscal no longo prazo.
Taxa de juros na Zona do Euro deve se manter
O BCE deve manter os juros básicos inalterados, mas pode reavaliar as perspectivas para a economia da Zona do Euro em meio ao ressurgimento do coronavírus e novas restrições de mobilidade na região.
A grande maioria dos economistas que ouvimos esperam que a autarquia anuncie mais recompras de títulos, ampliando o prazo do programa até o fim do ano que vem e ampliando seu valor.
Texto: TC Mover
Edição: Letícia Matsuura
Imagem: TC Mover

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