Mercados devem reagir a ameaças da China no comércio; estratégia do BC no câmbio é destaque no Brasil

Perto das 06h00 desta quinta-feira, o governo da China chamou a última rodada de sobretaxas americanas como uma violação dos acordos recentes entre os presidentes dos dois países, sinalizando a intenção de retaliar. Assim, as bolsas europeias e os futuros dos índices acionários americanos, que ensaiavam uma melhora após o tombo de ontem, retomaram a queda. A aversão ao risco tomou conta do pregão mundo afora, puxando o ouro e o “índice do medo”, o VIX, para cima, e os rendimentos dos Treasuries para baixo.
De acordo com um comunicado emitido por uma autarquia vinculada ao Ministério da Economia da China, as novas alíquotas de 10% que o presidente americano Donald Trump prometeu impor, a partir de setembro, em quase US$300 bilhões de produtos chineses importados pelos EUA, eliminaram qualquer possibilidade de resolver a guerra comercial por meio de negociações. Perto das 08h30, no entanto, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, disse que o país espera retomar as conversas com os EUA, apesar dos impasses recentes. É o império da volatilidade nos mercados.
Tanta incerteza abre espaço para que especulação e pânico represem a liquidez nos mercados. No Brasil, o destaque de hoje será a reação do investidor à decisão do Banco Central de ontem de anunciar a primeira venda de dólares à vista em mais de dez anos – conjugada à oferta de swaps reversos. Devido à situação que o país experimenta há mais de um ano, de fluxo cambial negativo, o cupom cambial ficou muito caro, reduzindo o custo do hedge cambial e estimulando apostas contra o real. Para o BC, essa é o motivo principal pelo qual o dólar não recua no mercado local, apesar dos fundamentos em melhoria.
Na agenda de hoje, a FGV divulgou deflação de 0,47% no IPC-10 de agosto. Hoje, último dia da temporada de resultados do segundo trimestre, teremos mais de uma dúzia de teleconferências – entre elas Via Varejo, Oi, Marfrig, SLC Agrícola e JBS. Mundo afora, o investidor precisa estar atento a divulgações de indicadores que podem trazer mais pistas sobre os rumos da economia mundial: Estados Unidos e Japão informam dados de produção industrial mensal, e EUA publica também números de pedidos iniciais por seguro-desemprego, produtividade do setor não-agrícola e dados do varejo, entre outros.
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Principais notícias corporativas
Nos destaques corporativos, a Kroton caiu 11,55% na sessão de ontem, a maior queda percentual do índice, após reportar resultados fracos. A Petrobras realizou pré-pagamento de US$3 bilhões ao China Development Bank, que venceria em 2024. A Eztec elevou projeção do valor geral de vendas de 2019 para R$1,5 bilhão a R$2 bilhões. A Trisul contratou bancos para coordenar oferta pública primária de ações e irá descontinuar a divulgação de guidance. O Banrisul está em tratativas com bancos para coordenar possível oferta secundária.
A Via Varejo informou prejuízo líquido de R$154 milhões, frustrando o consenso. A JBS teve lucro líquido de R$2,2 bilhões e EBITDA recorde de R$5,1 bilhões. A Even teve lucro líquido de R$22 milhões. A SLC Agrícola superou o consenso com lucro líquido de R$211,9 milhões. A Ultrapar frustrou o consenso com lucro líquido de R$120,7 milhões. A Linx reportou lucro líquido de R$12,4 milhões, queda de 32%. A Natura informou lucro líquido de R$66,6 milhões, abaixo do consenso.
A Marfrig frustrou o consenso com lucro líquido de R$86,5 milhões. A Natura registrou lucro líquido de R$66,6 milhões, alta de 109%, enquanto o EBITDA cresceu 27%. A Oi, em recuperação judicial, reportou prejuízo líquido de R$1,6 bilhões no trimestre, alta de 32% na base anual. Também registrou queda no EBITDA ajustado para R$1,4 bilhões e queda na receita líquida trimestral para R$5,09 bilhões. A Equatorial superou as projeções de lucro líquido e EBITDA, atingindo R$316 milhões e R$943 milhões, respectivamente. A Sabesp teve lucro líquido de R$545 milhões, abaixo do consenso.
Agenda do dia
Indicadores nacionais
08h00 IPC-10 mensal (agosto)
Indicadores internacionais
01h30 Japão – Produção industrial mensal (junho)
05h30 Reino Unido – Núcleo de vendas no varejo mensal (julho)
05h30 Reino Unido – Núcleo de vendas no varejo anual (julho)
05h30 Reino Unido – Vendas no varejo mensal (julho)
05h30 Reino Unido – Vendas no varejo anual (julho)
09h30 EUA – Pedidos iniciais por seguro-desemprego
09h30 EUA – Núcleo de vendas no varejo mensal (julho)
09h30 EUA – Produtividade do setor não-agrícola trimestral (2T)
09h30 EUA – Índice Empire State de atividade industrial mensal (agosto)
09h30 EUA – Índice de atividade industrial mensal (agosto) – Fed Filadelfia
09h30 EUA – Vendas no varejo mensal (julho)
09h30 EUA – Custo unitário da mão de obra trimestral (2T)
10h15 EUA – Produção industrial anual (julho)
10h15 EUA – Produção industrial mensal (julho)
10h15 EUA – Utilização da capacidade instalada mensal (julho)
10h15 EUA – Vendas da indústria mensal (julho)
11h00 EUA – Estoques das empresas mensal (junho)
17h00 EUA – Fluxo líquido de capital mensal (junho)
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