Ibovespa cai em dia de ajuste, de olho no Copom, política, China

O Ibovespa fechou em queda hoje, ajustando-se à piora do cenário externo no fim da semana passada, durante o feriado do Dia do Trabalho, e em meio a novos lances da turbulência política local e ao agravamento da epidemia de coronavírus no país. Foi o mesmo comportamento de boa parte das bolsas na Europa, que também não funcionaram na sexta-feira e escaparam da forte queda dos mercados americanos após o presidente Donald Trump ameaçar suspender o acordo comercial com a China, acusando o país asiático de ser culpado pela disseminação do coronavírus pelo mundo a partir de uma falha em um laboratório em Wuhan. Apesar da falta de provas, os sinais de um novo conflito comercial entre as duas principais economias do mundo reduziram o apetite por risco.

No Brasil, o Ibovespa reduziu as perdas, acompanhando a recuperação nos EUA, mas encerrou o dia abaixo dos 79 mil pontos, com os investidores preocupados com os impactos do coronavírus na atividade, especialmente nos shopping centers e nos bancos. Hoje, o Itaú Unibanco divulga seu balanço depois do fechamento e deve trazer fortes provisões para as perdas de crédito pela pandemia, como fez o Bradesco na semana passada. O Santander Brasil adiou o ajuste, mas deve ter impacto maior nos próximos trimestres.

Preocupa também a crise política, que levou o Ministério da Defesa a divulgar nota defendendo a Constituição e a democracia e criticando as agressões a jornalistas ocorridas durante manifestação que teve a participação do presidente Jair Bolsonaro. Já o presidente correu para dar posse hoje ao novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Souza, para impedir nova interferência do Supremo. A Procuradoria Geral da República informou ainda que quer ouvir três ministros sobre as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro contra Bolsonaro por suposta tentativa de interferir em investigações da PF.