Ibovespa tem maior queda do ano com commodities e exterior

São Paulo, 22 de abril – O Ibovespa registrou a maior queda do ano nesta sexta-feira, pressionado pela Vale e Petrobras, e encerrou a terceira semana consecutiva negativa em meio ao aumento das preocupações sobre a inflação global.

O índice de referência da bolsa de Valores de São Paulo fechou em queda de 2,86% a 111.077 pontos. Esse foi o maior recuo percentual do Ibovespa em 2022, que acumulou também uma perda de 4,39% nesta semana.

Os destaques negativos, em percentual, ficaram com as ações ordinárias da CSN (CSNA3) e da Locaweb (LWSA3), com queda de 7,68% e 6,29%, respectivamente.

Apenas três entre 91 papéis do Ibovespa subiram: a preferencial classe B da Copel (CPLE6) avançou 1,63%, seguida pelas ordinárias da Raiadrogasil (RADL3), com 0,22%, e da Ambev (ABEV3), com 0,14%.

A desvalorização do petróleo e do minério de ferro foi um dos grandes fatores de pressão nesta sexta-feira, com temor de que o avanço dos casos de Covid-19 na China e a perspectiva de crescimento global mais fraco afetem a demanda das commodities.

As ações ordinárias da gigante Vale (VALE3) retiraram o maior número de pontos do Ibovespa, cedendo 5,80%, seguida pelas preferenciais (PETR4) e ordinárias da Petrobras (PETR3), que recuaram 3,90% e 4,98%, respectivamente.

O desempenho do Ibovespa também refletiu a queda dos índices americanos devido ao aumento das preocupações dos investidores em relação à inflação e ao crescimento global. O Dow Jones caiu 2,82%, o S&P500, 2,77% e o Nasdaq 100, 2,65%.

Ao longo desta semana, o Federal Reserve, o banco central americano, mostrou uma posição mais contracionista, com o seu presidente, Jerome Powell, sinalização para uma alta de 50 pontos-base na reunião de maio diante da onda inflacionária mais intensa nos EUA em 40 anos.

Caso a alta de 50 pontos-base se concretize, seria a primeira vez em que o Fed promoveu um movimento dessa intensidade desde meados de 2000, o que aumenta a aversão ao risco e promove a fuga de capital para os EUA.

“Com menos estímulos injetados na economia, a demanda agregada cai e, consequentemente, o PIB e a produção das empresas também deve diminuir, o que contribuí para a queda das bolsas no dia de hoje”, explicou também Davi Lellis, especialista do Valor Investimentos.

No cenário local, os investidores ainda digerem a decisão do presidente Jair Bolsonaro de dar indulto ao deputado, Daniel Silveira, após o Supremo Tribunal Federal, STF, ter condenado a 8 anos e 9 meses de prisão por ataques à democracia.

Texto: Clara Guimarães
Edição: Allan Ravagnani
Arte: Vinícius Martins/ Mover