Investimento estrangeiro direto superou nível pré-covid em 2021, diz Unctad
O investimento estrangeiro direto global apresenta uma recuperação heterogênea, com os países desenvolvidos na liderança, diz relatório

Atualizado há 4 meses
São Paulo, 19 de janeiro– Os fluxos globais de Investimento Estrangeiro Direto, IED, capitais aplicados na economia nacional que vieram de outros países, subiram 77% em 2021 na base anual e superaram os números de antes da pandemia, segundo o Monitor de Tendências de Investimento da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento, Unctad.
O relatório da agência, divulgado hoje, mostrou que os fluxos aumentaram US$718 bilhões e totalizaram US$1,65 trilhão no ano passado – ocorrendo de forma heterogênea ao redor do mundo, com mais de US$500 bilhões do montante direcionado a economias desenvolvidas.
Os países desenvolvidos lideraram os investimentos e triplicaram o montante de 2020, alcançando US$777 bilhões. As economias em desenvolvimento dispararam seus IEDs em 30%, chegando próximo ao valor de US$870 bilhões, com ritmo de alta mais lento. A América Latina e o Caribe beiravam no final do ano passado os níveis pré-pandemia.
No relatório da Unctad, a secretária-geral da Unctad, Rebeca Grynspan, chamou a atenção para a falta de investimentos em países menos avançados.
“A estagnação de novos investimentos nos países menos desenvolvidos em indústrias importantes para as capacidades produtivas e setores-chave dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, como eletricidade, alimentos ou saúde, é uma das principais causas para preocupação.”
Investimento estrangeiro direto por economia
O fluxo do IED bateu recorde na China em 2021, com alta de 20% e ganhos de US$179 bilhões, alavancado pelo setor de Serviços.
Nos Estados Unidos o aumento foi de 114%, chegando a US$323 bilhões, com a valorização de fusões e aquisições, que triplicaram os custos e atingiram US$285 bilhões.
No Brasil, os valores dobraram e alcançaram US$58 bilhões. A União Europeia obteve alta de 8%. Ambos permaneceram com números abaixo do patamar pré-pandemia.
De olho em infraestrutura
A Infraestrutura foi setor que mais atraiu a confiança de investidores estrangeiros no ano passado, segundo o relatório. O aumento de 53% do número de propostas de financiamentos de projetos e os estímulos à recuperação contribuíram para a disparada do fluxo de IED graças às condições favoráveis de financiamentos a longo prazo para projetos do segmento.
Setores da indústria e de projetos de cadeias de valor globais, que compõem um grupo de atividades necessárias para a produção e entrega de um produto ao consumidor final, caíram.
Os projetos de aplicação “greenfield”, de investimentos em iniciativas que ainda estão no papel para a construção de infraestrutura, ficaram estáveis.
Tendências
As expectativas da Unctad para o IED global são positivas para 2022, mas não no ritmo de 2021. O destaque deve ficar com os setores de Energias Renováveis, Serviços Públicos e novamente Infraestrutura, principalmente de projetos internacionais.
A Unctad afirmou, ainda, que os riscos existentes são a pandemia e as novas ondas de covid-19. Outros pontos que podem impactar a entrada de capital estrangeiro são o ritmo da campanha de vacinação em cada país e a força de estímulos ao investimento em infraestrutura. A agência destacou também que empecilhos trabalhistas e nas cadeias globais de valor, preços de energia e pressões inflacionárias são outros fatores que podem impactar a atração de IED.
Texto: Beatriz Lauerti
Edição: Letícia Matsuura e Gabriela Guedes
Arte: Mover
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