PIB no Brasil e EUA, sessão do STF sobre privatizações e manifestações testam retomada do mercado local
As bolsas e os futuros dos índices acionários na Europa e nos Estados Unidos operam em alta, revertendo parte da queda ontem

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Atualizado há quase 3 anos
No início desta quinta-feira lotada de divulgações relevantes e eventos de todo tipo, as bolsas globais presenciam uma diminuição da volatilidade nos mercados acionários e uma queda mais lenta nos rendimentos dos títulos de dívida soberana dos países mais ricos, um movimento que sugere que caiu a ficha entre os investidores de que a guerra comercial entre os Estados e a China, e que, segundo algumas matérias, pode também envolver a União Europeia daqui a pouco, não vai ser resolvida de forma iminente. Isso não quer dizer que a volatilidade vai aliviar nas próximas semanas: se os números de PIB dos EUA, que saem hoje cedo, confirmarem o risco latente de uma recessão na maior economia do mundo, a tendência mais positiva de hoje pode mudar ao longo do dia. Ontem, a diferença de rendimento entre os Treasuries de três meses e os de 10 anos, indicador visto como um sinal antecipado de uma recessão, tocou sua menor leitura desde 2007. Dependendo dos números de hoje, essa diferença pode piorar. A conferir.
Esse é um dos tantos eventos que deve testar, nesta quinta-feira, a resiliência da bolsa, do câmbio e dos juros futuros no Brasil, que ontem descolaram do exterior sangrento graças ao otimismo com uma cena política menos tensa e o que se mostra como uma tramitação menos turva da agenda de austeridade fiscal, incluída a Reforma da Previdência, no Congresso. Hoje, coluna do jornalista Lauro Jardim, do O Globo, disse que sondagens indicam que o governo está perto de obter o apoio de quase 300 deputados para passar a reforma no plenário da Câmara – são precisos pelo menos 308 votos. A pressão da sociedade por uma política fiscal mais frouxa e uma Nova Previdência menos espartana deve aumentar hoje, com manifestações programadas em centenas de cidades contra o contingenciamento de verbas para a educação por parte do presidente Jair Bolsonaro. Não esnobe o valor dessas manifestações –elas carregam uma dose de emocionalidade capaz de aumentar a rejeição a Bolsonaro e, de passo, à sua política econômica.
A formalização, nesta semana, do pacto pelo país entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário ainda alimenta certa tranquilidade com o andamento da pauta econômica. No entanto, lembre-se que nenhum dos poderes está 100% comprometido com outra coisa que não sejam seus interesses como categoria. Por exemplo, o Supremo Tribunal Federal, que julgará a validade da Nova Previdência e de outros itens do pacto, ontem achou inconstitucional um trecho da Reforma Trabalhista de 2017. Na pauta de julgamentos da Corte de hoje serão analisadas duas ações que podem ditar o rumo das privatizações no país: os ministros irão decidir sobre a manutenção da liminar concedida pelo colega Ricardo Lewandowski em junho, determinando que quaisquer privatizações deverão ser aprovadas pelo Congresso. O STF também debate a liminar do ministro Edson Fachin que suspendeu a venda de 90% da TAG, rede de gasodutos da Petrobras. A agência Broadcast disse ontem que o placar deve ser apertado e devem ser anunciados ajustes nos processos de vendas de ativos.
Outro evento relevante para o pregão é a publicação dos dados do PIB brasileiro do trimestre passado. O consenso mostra uma leve contração do produto na base sequencial – o que pode inflamar as manifestações de hoje. A equipe econômica, no entanto, se prepara para rebater as demandas por mais gastos públicos, na ausência da aprovação de créditos suplementares para o Orçamento deste ano: ontem, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, descartou qualquer movimento que tolere uma inflação maior para ressuscitar a economia. Assim, o índice Bovespa deve operar volátil ao longo das primeiras horas do pregão, para depois ficar à mercê do que o STF decidir sobre as privatizações. O câmbio e os juros também sentirão o peso desses eventos, após vários dias de desempenho favorável. Além dos números do PIB brasileiro e americano, o investidor precisa ficar atento na divulgação do IGP-M de maio – que veio abaixo do consenso – assim como dos pedidos iniciais do seguro-desemprego nos EUA, assim como dos dados da balança comercial, do deflator de preços do PIB e de estoques no atacado na maior economia do mundo.
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Mercado hoje, segundo Contribuidores TC
As bolsas e os futuros dos índices acionários na Europa e nos Estados Unidos operam em alta nesta quinta-feira, revertendo parcialmente as fortes quedas desta semana, na medida em que o investidor se acostuma à ideia de que os conflitos comerciais no mundo desenvolvido vão persistir por um período mais longo. O mercado também negocia com viés positivo à espera dos números do PIB americano do primeiro trimestre, hoje de manhã.
Bolsas: O índice pan-europeu Stoxx 600 subia 0,37% perto das 08h00, se recuperando da sua maior queda em quatro pregões na véspera; o índice atingiu ontem o menor patamar desde março. Os futuros dos índices S&P500 e Dow Jones Industrials subiam 0,39% e 0,29%, respectivamente – com investidores apostando que o número do PIB deve puxar o balanço de riscos do Federal Reserve mais para o lado dos estímulos. O índice Xangai Composto caiu 0,31%, refletindo temores com o acirramento das tensões diplomáticas e comerciais entre os EUA e a China. O índice mais usado para medir a volatilidade de mercado, o VIX, recua 3,52%, sugerindo uma pausa momentânea no ciclo recente de maior aversão ao risco.
Principais notícias corporativas
Atvos: A Atvos, empresa do grupo Odebrecht do setor de açúcar e álcool, entrou com pedido de recuperação judicial no fim da tarde de quarta-feira.
Banco do Brasil: Dívida da Atvos com o Banco do Brasil é de R$3,82 bilhões, sendo R$3,4 bilhões em crédito sem garantia, dizem fontes. Situação pode obrigar o banco a provisionar e reclassificar o risco da maior parte desses créditos. (Broadcast)
JBS: A subsidiária da JBS nos EUA, JBS USA, anunciou investimento de US$95 milhões para expandir uma unidade de produção de carne bovina em Grand Island.
Odontoprev: A Odontoprev anunciou recompra de até 2,72 milhões de ações ordinárias.
Linx:A Linx entrou com pedido de registro para listar ações na NYSE, no marco de uma oferta pública primária e secundária subsequente de ações.
BR Malls: A BR Malls encerrou negociações com o Grupo Almeida Jr. para aquisição de seis shoppings.
Via Varejo: A B3 pediu esclarecimentos da Via Varejo sobre notícia de que grupos de investidores estariam negociando aquisição da cia. A companhia reiterou que sua controladora, a francesa Casino, está em processo de sair do capital da companhia.
Bancos: Economistas veem sinal de desaceleração do crédito a empresas (Valor)
Agenda do dia
Indicadores nacionais
08h00 IGP-M mensal (maio) – FGV
09h00 PIB anual (1T) – IBGE
09h00 PIB trimestral (1T) – IBGE
Indicadores internacionais
09h30 EUA – Prévia do PIB trimestral (1T)
09h30 EUA – Deflator trimestral de inflação (abril)
09h30 EUA – Balança comercial de bens mensal (abril)
09h30 EUA – Estoques no atacado mensal (abril)
09h30 EUA – Pedidos iniciais por seguro-desemprego semanal
11h30 EUA – Estoques de petróleo bruto
20h30 Japão – Taxa de desemprego (abril)
20h30 Japão – Vendas no varejo anual (abril)
20h50 Japão – Prévia da produção industrial mensal (abril)
22h00 China – PMI Industrial (maio)
DISCLAIMER: Este newsletter não tem o objetivo de promover a venda de títulos e valores mobiliários específicos, e sim, de informar correta e oportunamente a quem o recebe.
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