Especial: Guedes propõe calamidade para não perder controle, diz fonte

Brasília, 26 de janeiro – A declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que um dispositivo para situações de calamidade pode ser incluído nas Propostas de Emenda à Constituição, PECs, de ajuste fiscal, como a do Pacto Federativo, indica tentativa apreensiva de não perder o controle da decisão e chegar a um entendimento com o Congresso em torno desta ideia, disse uma fonte com conhecimento do assunto à TC Mover.
Na prática, uma cláusula como a defendida por Guedes atenderia às demandas crescentes de congressistas da própria base aliada, além de governadores e prefeitos, por prolongar o coronavoucher, o estado de calamidade e o Orçamento de Guerra, em troca da votação célere de um ajuste fiscal mais diluído, conforme a fonte.
Candidatos às presidências da Câmara e do Senado falaram em flexibilizar Teto de Gastos
A fala de Guedes, em evento do banco Credit Suisse na manhã desta terça, repete o que já foi dito a parlamentares no final de 2020, e ressurge após os principais postulantes às presidências da Câmara e do Senado flertarem com a flexibilização do Teto de Gastos e com a reintrodução de um benefício social devido ao recrudescimento da pandemia de Covid-19.
No entanto, dificilmente o Congresso, e mesmo o presidente Jair Bolsonaro, aceitarão, de fato, congelar gastos em educação e em segurança, como sugerido por Guedes. Apesar de Bolsonaro, no mesmo evento, ter dito que tem “compromisso firme” com o Teto e que quaisquer medidas de auxílio “não podem se tornar permanentes”, analistas de mercado começam a se preocupar novamente com a força interna do ministro.
Ministro sofreu desgaste com possibilidade de exoneração de André Brandão
O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira, teria deixado o cargo por divergências com o senador Rodrigo Pacheco, segundo fontes do Valor. Pacheco é considerado favorito para vencer no Senado, e afirmou que a privatização da companhia não está em seu foco.
Anteriormente, Guedes já havia sofrido desgaste com a quase exoneração, por Bolsonaro, do presidente do Banco do Brasil, André Brandão, por um programa de demissão voluntária do banco.
Crescimento econômico depende de vacinação em massa, diz Guedes
Vendo a aprovação do governo cair e a cobrança por medidas emergenciais subirem no meio político, Guedes afirmou ontem que a vacinação em massa é decisiva para a retomada do crescimento econômico.
Para a economista-chefe do TC, Fernanda Mansano, o risco de rompimento do Teto persistirá até 2026, ainda que sejam realizadas reformas econômicas e fiscais, e ele crescerá mais sem uma vacinação ampla e eficiente.
Texto: Leopoldo Vieira
Edição: Kariny Leal e João Pedro Malar
Arte: TC Mover

As mais lidas da semana: Capital estrangeiro, Klabin (KLBN11), Bolsonaro
As mais lidas da semana: Saída de capital estrangeiro, coluna do Sanita sobre Klabin (KLBN11) e Bolsonaro sugerindo demissões se destacam

As mais lidas da semana: Reais, Petrobras (PETR4), general Silva e Luna
As mais lidas da semana: Recomendação para o real, mudança na Petrobras (PETR3 e PETR4) e perfil de Silva e Luna se destacam na TC Mover

Juro estraga festa das bolsas; no radar, pacote EUA, Payroll, inflação, Guedes, auxílio: Espresso
Bolsas fecharam hoje sem tendência única em semana de perdas, com preocupações com a alta da inflação e de juros nas economias desenvolvidas