Antes de mais nada, já sabemos que o isolamento social trará como consequência algumas mudanças de hábitos, pelo menos no curto prazo, e na forma como nos relacionamos.
Não é por isso, no entanto, que vamos deixar de analisar e entender essas mudanças. Várias delas terão relação com o dinheiro e com o consumo, mas hoje quero analisar uma questão em específico, e aproveitar para dar uma dica que pode te ajudar a economizar uma grana no final do mês.
Por exemplo, uma pesquisa feita pela Rapyd mostrou que o cartão de crédito foi o método de pagamento mais utilizado pelos brasileiros nos últimos três meses – seguido pelo papel moeda, mas falaremos especificamente dele mais tarde.
A pesquisa surpreende inicialmente porque o cartão de crédito sempre foi considerado o vilão de muitos brasileiros. Sem controle, as faturas se acumulavam, o rotativo estourava e a consequência eram famílias e mais famílias endividadas.
O que mudou então?
A opção pelo uso do cartão é bem justificada. Com o isolamento social, mais brasileiros pediram delivery ou compraram pela internet. Nas compras online, o cartão é o meio de pagamento mais rápido. No delivery, é a melhor opção para evitar contato físico e também o manuseio da maquininha.
Pode surgir aí uma nova tendência que vai exigir ainda mais atenção dos brasileiros com a educação financeira. O cartão de crédito não é um vilão.
O cartão de crédito pode, inclusive, ser um grande aliado para economizar com os programas de milhas e recompensas. O problema do cartão de crédito é a falta de educação financeira que o brasileiro tem. Compras sem programação, compras por impulso, descontrole do orçamento. O foco tem que ser em quem usa, não no pedaço de plástico.
Mas vamos observar se essa será uma tendência para ficar ou se é algo momentâneo em função do isolamento.
Use o papel moeda ao seu favor
Outro ponto de surpresa na pesquisa foi o papel moeda como a segunda opção mais utilizada pelos brasileiros, mesmo com todas as medidas de isolamento.
Pode ser surpresa, mas o uso do papel moeda pode ser uma boa opção para ajudar no controle das finanças, principalmente se o seu caso for um dos citados acima, que faz muitas compras por impulso ou não consegue organizar as finanças direitinho.
O fato de utilizarmos muito o cartão de débito faz com que a gente perca a noção do quanto dinheiro está sendo gastos. A dor psicológica ao passar o cartão é diferente daquela que sentimos ao entregar uma nota de R$ 10 para pagar um café expresso, por exemplos. Ver a nota física em sua mão irá fazer você repensar o gasto. Pode parecer besteira, mas é como o nosso cérebro age.
Um dólar = 0,50 centavos
Você acha que isso é conversa para boi dormir? Então vou te contar sobre a pesquisa que Drazen Prelec fez no MIT (Massachusetts Institute of Technology, nos EUA). Ele reuniu estudantes e fez um leilão de ingressos esgotados da NBA. Metade só poderia usar dinheiro vivo e a outra metade cartão de crédito.
Pois bem, o que aconteceu? Quem estava com o cartão de crédito fez duas vezes mais lances do que quem estava com dinheiro vivo. Prelec disse, com base no estudo, que o custo de gastar um dólar no cartão de crédito equivale a usar 50 centavos.
Com esse viés, qual é a minha sugestão para te ajudar a controlar as finanças com o papel moeda como aliado?
Quando acabar todo esse isolamento e pudermos voltar a circular normalmente, faça um saque em dinheiro no caixa eletrônico de um valor que considera justo para passar a semana.
Com isso, tente fazer todos os pagamentos com o dinheiro que foi sacado. Acredito que, pela experiência que tive, vai conseguir terminar a semana com mais dinheiro na mão do que imaginava.
Topa o desafio? Vamos lá!
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Jornalista e investidor
Trabalha com educação e planejamento financeiro. Possui certificação em Gestão de Finanças Pessoais e atua no mercado financeiro brasileiro há cinco anos.