Neste texto, falarei sobre o livro “A lógica do Cisne Negro“, do Nassim Nicholas Taleb. Para um melhor entendimento, abordarei os seguintes tópicos:
- O autor: quem é Nassim Nicholas Taleb?
- A lógica do Cisne Negro: o que importa é o que ainda não sabemos
- Por que investidores devem ler a lógica do Cisne Negro?
Boa Leitura!
O autor: quem é Nassim Nicholas Taleb?
Nassim Nicholas Taleb é um libanês que trabalhou como trader de derivativos na bolsa de Chicago. Após anos de experiência no mercado financeiro, hoje ele dedica-se a escrever ensaios sobre probabilidade e incerteza, possuindo um estilo de escrita bem característico. Além de A lógica do Cisne Negro, Nassim Taleb é autor de diversos outros livros: Silent Risk, Dynamic Hedging, Iludidos pelo acaso, the bed of procrustes, antifrágil, arriscando a própria pele e statistical consequences of fat tails. Os quais fazem parte do projeto incerto, relacionados a probabilidade e incerteza.
A lógica do Cisne Negro: o que importa é o que ainda não sabemos
Logo no prólogo do livro, somos apresentados a lógica do cisne negro: antes da “descoberta” da Austrália, todos os Cisnes Observados pelo homem possuíam a plumagem branca, sendo uma crença inquestionável até então a de que todos os cisnes eram brancos, pois era fartamente suportada por evidências empíricas, ou seja, era facilmente observada.
Todavia, o contato com o primeiro cisne negro nos remete a uma fragilidade do conhecimento baseado em observações. Essa é a lógica do Cisne Negro: um evento altamente improvável (em estatística, um outlier/eventos de cauda), desconhecido por natureza e capaz de mudar radicalmente e até de invalidar tudo o que se conhecia até então.
Nesse sentido, Taleb aponta que o problema do cisne negro consiste em estar exposto ao evento raro de forma que se tome decisões as quais não o levem em consideração (TALEB, 2009).
Mediocristão e extremistão
No livro, o autor apresenta os conceitos de “extremistão” e “mediocristão” os quais consistem em exemplos de como cisnes negros podem influenciar nossas observações baseadas na média de determinados eventos. Por exemplo, se analisarmos a altura de uma amostra de pessoas, é biologicamente improvável que exista alguém com altura muito superior à média do grupo. Mesmo que um indivíduo fosse muito mais alto que a média, isso ainda não invalidaria a média de altura da maioria das pessoas. Por outro lado, em uma amostra que apresente a riqueza de um conjunto de indivíduos, basta que um deles seja bilionário para que a média seja completamente distorcida.
Nesse sentido, o autor critica em todo o livro, as nossas tentativas em descrever a realidade em modelos estatísticos complexos, que servem para descrever eventos médios, mas que não são aplicáveis no “extremistão”. Como exemplo, o autor critica duramente a curva de distribuição normal, ou curva em forma de sino, tão usada na estatística, a qual é utilizada como pressuposto para diversas aplicações de modelos quantitativos. Nem mesmo grandes nomes das finanças como Fischer Black, Myron Scholes e Harry Markowitz escapam das críticas do autor.
Reflexão: por que os investidores devem ler A lógica do Cisne Negro?
Mesmo estando a mercê do improvável, seja em nossos investimentos ou em nossa vida pessoal, somos inclinados a ignorar o fator incerto, devido nossa inclinação a observar a “média das coisas”. Após a conclusão do livro, o leitor pode ficar com a impressão de que o cisne negro causa apenas mudanças negativas em nossas vidas.
Nos mercados financeiros, além de perdas substanciais, os eventos raros podem representar excelentes oportunidades de ganhos. Por exemplo, o fundo “Universa”, assessorado por Taleb apresentou um retorno de 3.600% em março desse ano, no auge do pânico com o coronavírus. Neste sentido, os fundos do tipo Cisne negro ou tails founds possuem como principal estratégia de investimentos a aposta na ocorrência de eventos raros e imprevisíveis, utilizando-se de instrumentos financeiros derivativos que se beneficiam de colapsos do mercado.
Como principal lição para os investidores, a lógica do cisne negro também é um importante insight para que fiquemos atentos àqueles que realizam “previsões” no mercado financeiro, mas que não se arriscam baseados nestas previsões (skin in the game) quando o cisne negro aparece e leva suas previsões por terra. Estas pessoas apenas revisam suas planilhas Excel, e atualizam suas previsões, não pagando nenhum preço por isso.
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Referências
TALEB, N. N. Errors, robustness, and the fourth quadrant. International Journal of Forecasting, v. 25, n. 4, p. 744–759, 2009.

Coordenador de Conteúdo | Cursos no TradersClub
Contador, Mestre em Ciências Contábeis. Foi professor/pesquisador do departamento de contabilidade da UFRN e atuou em contabilidade de S.A.
É investidor com base em análise fundamentalista.