No mercado de ações brasileiro, existem diversas classes de ações, sendo as mais comuns:
- Ações Ordinárias (ON)
- Ações Preferenciais (PN)
As ordinárias usam o código 3 no final, já as ações preferenciais, em geral, apresentam o código 4. Existem ações preferenciais com outros códigos, mas elas possuem direitos diferentes com detalhes específicos.
No Brasil, também existem “ações” com código 11. Este tipo de ação é conhecido como unit e agrega uma cesta de ações ordinárias e preferencias. É preciso salientar que o código 11 também serve para designar ETFs e Fundos Imobiliários (FIIs).
A tabela abaixo apresenta as units do mercado brasileiro. Note que a composição não é uniforme:
- A Unit do Santander (SANB11) apresenta uma composição de uma ação ON para cada uma ação PN.
- A Unit da Energisa (ENGI11), por exemplo, apresenta uma composição de uma ação ON para cada quatro ações PN.
Por que as Units existem?
Existem alguns motivos para a existência das units e nem todos seguem o interesse do investidor minoritário. Primeiramente, as units geralmente apresentam maior liquidez que as ações que as compõem.
Isso acontece devido à menor liquidez existente em diversas ações ON de empresas fora do Novo Mercado (o segmento com maior governança da bolsa): o controlador das companhias não negocia suas ações. Dessa forma, o número de negócios das ações ON é menor e menor será a liquidez em bolsa. Essa é uma forma do controlador manter a maior parte das ações ordinárias e não perder o controle da empresa.
Abaixo, temos um exemplo da diferença de liquidez das units em relação às ações ON e PN de uma mesma empresa entre dezembro de 2018 e dezembro de 2019. Foi adotado como exemplo o percentual do volume de negociação diário das ações da Taesa S.A.
É possível notar que a TAEE11 representa mais de 97% do volume negociado da empresa Taesa S.A. As ações TAEE4 e TAEE3 representam menos de 3% das negociações diárias.
Precificação das Units
Se uma unit é uma cesta formada por algumas ações, o seu preço deveria ser a soma dos preços das ações que compõem a unit, correto?
Bem, se os investidores forem racionais e os mercados apresentarem poucas barreiras para a arbitragem, essa afirmação está correta. Porém, em alguns casos, existe a oportunidade de arbitragem com as units. Isso ocorre quando a soma dos preços das ações difere do preço das units.
Abaixo, temos um exemplo da precificação das ações e units da Taesa S.A. A primeira imagem mostra o preço das units e das ações ON e PN de dezembro de 2018 até dezembro de 2019. Como a unit é formada por três ações, é natural que tenhamos um preço bem diferente entre elas.
Na figura abaixo apresentamos uma comparação entre a unit TAEE11 e a soma das três ações que compõem a unit: uma ON e duas PN. No eixo da direita, apresentamos a divisão entre as duas ações (TAEE11 vs. Soma das Ações). Os resultados apontam que não são observadas divergências significativas entre as duas. No geral, os desvios se concentram em até 1% de diferença no preço diário de fechamento. São em desvios como este e maiores, que aparecem oportunidades de arbitragem em operações de long & short proporcionadas pelo aluguel de ações.
Conclusão
As units são tipos específicos de ações negociadas no mercado brasileiro com o objetivo de aumentar a liquidez das ações e diminuir a possibilidade de perda de controle acionário pelos acionistas majoritários.
As units são cestas de ações formadas por uma combinação de ações ordinárias e preferenciais e, em momento de ineficiências do mercado, podem oferecer oportunidades de arbitragem ao negociar as units e as ações que compõem a cesta.
Obviamente, fazer tal operação exige um conhecimento mais avançado do funcionamento dos mercados e suas estruturas de precificação, bem como de operações de arbitragem e long & short.
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Mestre em Finanças pelo PPGA/UFPB
Contribui com textos educativos para o TC SChool