Separar material, juntar a papelada, preencher o formulário de declaração. Essa é uma atividade quase robótica que precisa ser repetida anualmente. Seja por você, ou por um contador ou contadora. Não tem jeito, o Imposto de Renda é uma certeza que temos nessa vida.
Pagar impostos não é uma prática nada agradável. A má vontade natural que temos com o IR e a mecânica da coisa dificultam ainda mais. Entretanto, essa não pode ser uma ação pensada somente na declaração. É preciso projetar o imposto de renda ao longo do ano e hoje você vai entender o motivo disso.
Nesse texto, você vai encontrar:
- Planejamento em primeiro lugar
- Declaração Completa Vs. Simplificada: qual a mais indicada?
- Conclusão: mostrando a mudança na prática
Boa leitura!
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Planejamento em primeiro lugar
O Imposto de Renda é uma obrigação e nós não temos como fugir dele. Essa é uma verdade que é precisa ser aceita. Com ciência disso, podemos buscar meios para que sejamos atingidos cada vez menos pela mordida do leão.
Para ter condições de buscar esses meios, é preciso planejamento. Entender quais os gastos mensais que podem ser deduzidos da renda bruta, qual o percentual de cada um deles, onde se encaixam e como fazê-los.
Os principais gastos dedutíveis
- Dependentes: podem ser pais, filhos, enteados, companheiros. No caso de casais separados, somente um deles poderá declarar o filho. A dedução é de R$ 2.275,08 por dependente;
- Pensão alimentícia: pode ser deduzida se tiver sido estabelecida em decisão judicial ou acordo extrajudicial. O alimentando (quem recebe a pensão) não pode ser o próprio dependente;
- Educação: estão na lista educação infantil, ensino fundamental, médio, superior (incluindo pós-graduação) e técnico. Pode ser referente ao declarante, dependente ou alimentando. É possível deduzir até R$ 3.561,50 por declaração;
- Saúde: os gastos com saúde podem ser deduzidos integralmente, desde que sejam saúde os exames, as internações, as consultas médicas, as consultas ao dentista, as sessões de psicoterapias, as mensalidades de planos de saúde corporativos ou individuais, entre outros.
- Previdência: quem paga o INSS tem a possibilidade de deduzir o pagamento do Imposto de Renda. Se o contribuinte paga o INSS e ainda tem uma previdência privada do tipo PGBL pode fazer mais uma dedução, desta vez com limite de 12% da renda bruta.
- Doações: doações feitas durante o ano e comprovadas também podem ser deduzidas, deste que a instituição esteja cadastrada. O limite é de 6% do IR devido.
Essas são algumas possibilidades de reduzir o valor de cálculo do seu imposto de renda. O planejamento é necessário para poder tirar o melhor proveito delas. Saber se ainda vale à pena investir no PGBL, se vale se inscrever logo em um curso ou deixar para o ano seguinte para aproveitar a dedução da educação.
Enfim, realizar os manejos necessários no orçamento para tirar o melhor proveito, dentro da lei, de cada situação.

Fonte: Uol
Declaração Completa Vs. Simplificada: qual o mais indicada?
Com o orçamento estabelecido, os gastos conhecidos e o planejamento feito, fica fácil para o contribuinte optar pela declaração simplificada ou completa. Você ainda não sabe a diferença entre elas duas?
- Como o nome já diz, a declaração simplificada é mais simples, mais tranquila de fazer. Nela, é deduzido 20% da renda bruta tributável, isso com o limite de R$ 16.754,34. Entretanto, se as despesas dedutíveis estiverem dentro desse valor, vale à pena optar por esse modelo.
- Na declaração completa, é preciso descrever todos os gastos. Não há limite para dedução geral. Os limites são dentro de cada classe, como vimos no tópico anterior. Ela dá um pouco mais de trabalho, é verdade, mas se você se organizar pode ter um benefício grande.

Fonte: imagens livres
Conclusão: mostrando a mudança na prática
Mas como tudo isso funcionaria na prática? Para mostrar o efeito de uma boa preparação para a declaração do imposto de renda, vou utilizar um exemplo que vi nos últimos dias, uma pessoa que faz declaração no modelo simplificado e tem restituição de R$ 800.
Assim, após algumas conversas e uma análise no orçamento, sugeri algumas mudanças para o próximo ano. Somente por mudar o modelo de declaração, a restituição já pulava para R$ 1.200. Em seguida, com a utilização do filho como dependente, o remanejamento de alguns gastos e a inclusão de uma previdência PGBL, a restituição saltou para R$ 4 mil.
Dessa forma, foram R$ 3.200 de diferença por uma simples análise mais detalhada da declaração de imposto de renda. Isso utilizando o que disse aqui no texto. É ou não uma maneira mais inteligente se fazer a declaração?

Jornalista e investidor
Trabalha com educação e planejamento financeiro. Possui certificação em Gestão de Finanças Pessoais e atua no mercado financeiro brasileiro há cinco anos.